O Alentejo é uma oportunidade histórica.

Cenário desta primeira Expo Alentejo, Elvas é um bom exemplo de um caminho possível, em combinação com outros ligados à procura interna, para o Alentejo e para toda a região raiana.

Rico em história e em património, o Alentejo traz consigo um passado nobre e uma herança bem vincada na cultura e nas tradições portuguesas. Tem belas e variadas paisagens, uma gastronomia rica e reconhecida, vinhos universalmente apreciados e produtos ímpares na qualidade. Sobre o Alentejo falamos com saudade e emoção na voz, ansiosos por regressar para a próxima escapadinha ou para umas férias há muito prometidas.

Amado por muitos, desejado por outros tantos – mas vivido por poucos. Este é um retrato de uma região que ocupa sensivelmente um terço do território nacional e tem no futuro alguma incerteza – mas oportunidades ainda maiores.

Não é de agora que a região enfrenta a desertificação demográfica, a falta de mão-de-obra ou a ausência de novas infraestruturas de dinamização cultural e social. Os jovens saem para estudar ou à procura de novas oportunidades e poucos são os que regressam. Dos filhos da terra, muitos só voltam nas festas, talvez num fim de semana. Todos os dias, os municípios lutam para encontrar soluções para inverter esse ciclo.

No entanto, há outra maneira de ver a realidade. Porque a marca “Alentejo” é uma força da natureza, e esta é uma região com um enorme potencial de crescimento.
Surge esta reflexão depois de uma visita à primeira edição da Expo Alentejo, que decorreu há dias em Elvas. Participaram mais de 20 municípios, apontando desde já um rumo em conjunto para a região em setores fundamentais como a agricultura, o turismo e o ensino superior, e acima de tudo nas grandes prioridades de desenvolvimento.

Este evento, e outros como o Festival do Crato, o Festival Internacional de Música de Marvão (FIMM), a Ovibeja, o Festival Músicas do Mundo e os vários festivais gastronómicos e tradicionais mostram a energia que, nós que o vivemos de perto e conhecemos, sentimos no Alentejo.

Cenário desta primeira Expo Alentejo, Elvas é um bom exemplo de um caminho possível, em combinação com outros ligados à procura interna, para o Alentejo e para toda a região raiana.

Um caminho que passa pela ligação com Espanha e pela atração dos amigos espanhóis. Assim como passa também pela valorização do património e das histórias da História.Esta cidade já foi a mais importante linha de defesa da nação contra os invasores – espanhóis ou franceses, em momentos diferentes. Mas Elvas, a poderosa, resistiu sempre. Porque tem o maior sistema de fortificações abaluartadas do mundo. Deste passado glorioso ficou uma herança única reconhecida pela UNESCO em 2012 como Património Mundial da Humanidade, e que é agora um fator de atração singular.

No século 21, a relação com Espanha é de proximidade, não apenas geográfica – Badajoz está apenas a 8 kms – mas de interesses comuns. O turismo espanhol é um elemento importante para o desenvolvimento de Elvas e de todo o Alentejo, e os últimos dados do Turismo de Portugal confirmam a tendência acentuada de crescimento.

As antigas fortalezas estão hoje de portas abertas para o mundo, a começar pelo vizinho e amigo ibérico. Os baluartes tornaram-se lugares de paz e harmonia, e a ‘invasão’ é de curiosidade e investimento. Um movimento que, pelo impacto que tem na economia da região, contribui para a independência do território.

As voltas que a História dá, na construção de um futuro com vantagens e prosperidade para todos. Porque na região temos fortificações mas não fazemos castelos no ar – as oportunidades que vemos atualmente são bem palpáveis.

Ó Elvas, ó Elvas, Badajoz à vista – dizia-se dantes. Hoje, queremos todos que do outro lado se ouça, ‘Oh Badajoz, oh Badajoz, Elvas à vista!’ E, com ela, todas as possibilidades, todo o esplendor único do Alentejo.

Hugo Oliveira Ribeiro, diretor-Geral da HBR